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domingo, novembro 17, 2024
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câncer mais humanização e solidariedade

O mundo precisa cada vez mais de gente que se preocupa com gente. Tenho acompanhado a luta de pessoas amigas que fazem tratamento de câncer. Acompanho, também, o esforço e o exemplo de profissionais da saúde que estão na linha de frente dessa doença que, pelos dados do Instituto Nacional de Câncer, atingiu mais de 625 mil casos novos neste biênio 2020-2022. Isso só no Brasil.

Na convivência com os médicos Gustavo Fernandes, Rafael Gadia, Fernando Maluf, Daniel Girardi e Roland Montenegro, aprendi duas lições: o câncer é uma doença que agride o corpo da pessoa, mas não consegue destruir o sonho de quem luta pela vida; e que toda prevenção é um ato de amor com o próprio corpo e com todas as pessoas que estão ao nosso redor por amor ou amizade.

Brasília é a terceira unidade da Federação mais populosa do país. A população do Distrito Federal está na casa dos 3,7 milhões. Quando somados ao número de pessoas que vivem no entorno do DF, chega à casa dos 5 milhões. Brasília, por ser a capital e um polo de desenvolvimento no Centro-Oeste, concentra os serviços terciários capazes de melhor cuidar dos pacientes oncológicos.

Com uma população beirando os 5 milhões, o médico Daniel Girardi, do Hospital Sírio Libanês-Brasília e chefe do Serviço de Oncologia do Hospital de Base, explica que são esperados para este ano de 2022 aproximadamente 12 mil casos novos de câncer no DF e entorno. Do total de casos, cerca de 70% dos pacientes realizarão tratamento no SUS. Mais: 60% dependerão exclusivamente do SUS para cirurgia e radioterapia.

A conclusão é óbvia: aproximadamente 7.200 casos novos de câncer na região do DF e entorno dependerão de tratamento em hospitais públicos. É fato que Brasília é hoje um centro de excelência em tratamento da saúde. Novos e grandes hospitais de ponta foram construídos e o corpo médico é altamente qualificado. Mas é bom lembrar que o DF conta, hoje, com apenas três hospitais públicos capazes de prestar tratamento oncológico pelo SUS: Hospital Universitário da Universidade de Brasília, Hospital Regional de Taguatinga e o Hospital de Base.

O maior serviço de oncologia encontra-se no Hospital de Base, que atende pacientes portadores de câncer desde o início das suas atividades, em 1964, e possui residência médica em oncologia desde 1992. Atualmente, é um hospital capacitado para atendimentos, diagnósticos de alta complexidade em todo o tipo de câncer. Desde 2008, é um centro de referência de alta complexidade em oncologia. Apesar disso, tanto o Hospital de Base, quanto outros hospitais públicos têm dificuldade em realizar reformas e modernizações devido ao orçamento governamental sempre muito restrito.

Desde 2019, Daniel Girardi — que tem hoje uma história profundamente ligada a Brasília — chefia o serviço de oncologia do Hospital de Base. Chegou aqui com a família, em 2017, para trabalhar no Hospital Sírio Libanês. Em 2018, aceitou o desafio de ir para o Hospital de Base. Pai de dois candanguinhos — Rafael de três anos e Leonardo de dois anos — com especialização em oncologia pela Faculdade de Medicina da USP e experiência internacional no National Cancer Institute (EUA), Girardi assumiu, em 2019, a chefia da oncologia do HB.

Viu logo uma enfermaria que necessitava de reformas: quartos, pinturas, banheiros e marcenaria precisavam de profunda restauração. Foi aí que entrou em ação Vera Lucia Bezerra da Silva, líder da Rede Feminina de Combate ao Câncer, em Brasília. Numa ação coletiva, buscaram-se novos parceiros. Integrou-se ao mutirão da saúde, o grupo Bora Arquitetos Associados com Rafaella Brasileiro e Alex Brasileiro. O grupo se comprometeu a realizar o projeto arquitetônico gratuitamente que, devido à pandemia, acabou sendo impactado e sofrendo atrasos. Só agora em abril, tudo foi orçado e o projeto concluído.

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